Capítulo 8 – O Projétil Prateado

Posted on 21:24 by Arthur *(Sinapsys)*


Sua cabeça rodava constantemente, era a mesma sensação que ele sentiu quando passou pela Janela de Gondolous. Ele arfava, por isso demorou a reparar à sua volta, mas logo após se tranqüilizar, olhou para os lados, e tudo se resumia a dunas de areia fina, com o Sol a pino acima deles. Virou-se para trás e viu um tipo de arco feito de pedra, com nenhum preenchimento, ele se levantou com dificuldade e foi até ele, olhou para fora e se impressionou ao perceber que estavam milhares de metros acima do chão. A areia caia como uma cachoeira branca e fina, ao longo de todo o horizonte, ele não conseguia ver o que havia lá em baixo devido às nuvens que tampavam sua visão. Ele voltou correndo ao encontro de Jacques e Hermes que se encontravam cerca de 10 metros a frente.
Eles observavam alguma coisa no chão, Caliel se aproximou sorrateiramente, mas mesmo assim Hermes o percebeu:
_ Bro! Você demorou, achei que tivesse se perdido, ou caído na cachoeira. Mesmo assim parece que temos companhia, então vamos agilizar?
_ Mas não tem ninguém em nenhuma das direções...
_ O que está em cima da areia não nos preocupa... – Disse Jacques, se levantando e tirando uma esfera de metal do bolso. – Vamos ter que usar o método ilegal para cortar o deserto, a pé seremos alvos fáceis. – Então Jacques se aproximou de um monte de areia, com os pés tirou o excesso, revelando um tipo de trilho. Caliel se espantou, como será que ele tinha adivinhado que estaria ali, e antes que tivesse tempo de demonstrar surpresa, Jacques jogou a bola nos trilhos e, assim como Illik e Roy, disse:
_ Technique de Vestibule – Invoquer La Balle d'argent – Revelando um longo e compacto trem bala prateado, com detalhes incríveis, e incrivelmente sólidos, como se tivesse sido feito da mesma peça de metal, sem nenhuma dobra ou solda, nem as portas ou janelas podiam ser observadas. Jacques moveu a sua mão direita, com dois dedos em riste, como se empurrasse algo para a direita, e Caliel pôde observar a abertura de uma porta retangular, revelando um interior luxuoso. Os três entraram, e Jacques sentou-se no banco da frente, colocando a mão sobre um painel escuro, ligando todo o interior do veículo. Uma série de controles por meio de hologramas apareceu na cabine, de modo que Jacques se encontrava com um tipo de capacete, e duas manoplas de holograma em volta de suas mãos.
Com um movimento usando ambos os braços o veículo começou o movimento, assumindo uma velocidade incrível, o que faria Caliel se estatelar contra a porta, no entanto Hermes o segurou, e já tratou de levá-lo para o outro vagão, pois sabia que quando seu pai não falava nada daquele modo ele não queria companhia. Chegando ao outro vagão Hermes se assentou pondo as pernas para cima, Cal se sentou no outro banco de couro marrom. O vagão lembrava um trem antigo, com mesas de bilhar e bares, seria comparado a um avião particular atual, e como havia monitores, Caliel não estranhou quando Hermes pegou o controle e ligou a TV perguntando a Cal:
_ Russas ou Asiáticas?
_ Como?
_ Você prefere Russas ou Asiáticas?
_ Não sei...
_ Ah! Então vão ser Russas – Disse Hermes, mudando o canal e de repente na tela da TV mulheres nuas começaram a rebolar, Caliel arregalou os olhos e deixou um fio de baba lhe escapar pelo canto da boca, quando o fio pingou em sua perna, ele se deu conta e pulou da cadeira. Hermes riu e completou:
_ Cachorros ou Cavalos? – Caliel respirou alto como se esperasse uma grande pancada, tampando os olhos a cada rebolado da mulher na tela, e arregalando ainda mais ao perceber a pergunta de Hermes, que logo parou de brincar, às gargalhadas, desligou a TV. Caliel estava nervoso:
_ Nunca mais faça isso! ...
_ HaHaHa! Eu sei que você gostou Cal, mas parece que você tem vergonha, então é melhor mudar de assunto, não? Me diz... Qual a sua classe?
_ Classe?
_ Você sempre tem essa mania de falar pouco? É, qual classe de especialista você é?
_ Nem sei o que são essas malditas classes, como vou saber a qual delas eu pertenço? – Hermes se ajeitou quando o veículo trepidou um pouco, e se preparou para explicar:
_ Bem, eu entendo que os calouros normais não saibam suas classes, ou nem saibam o que são as classes, mas nós nobres não temos ascensão tardia, eu, por exemplo, usei a primeira técnica aos 10 anos. Mas pelo que meu pai me contou você estava perdido no mundo leigo, então é compreensível.
Mas pra você não nos fazer passar vexame, eu vou te ajudar sempre, afinal somos de certo modo parentes. As classes são divisões criadas há muito tempo para classificar melhor os especialistas, de acordo com suas habilidades e técnicas.

É bem simples no começo, esse ano, passaremos pela prova de seleção da classe básica, que a cada ano em Bongor vai ganhando uma ramificação... Espera só um minutinho... – Hermes foi até o vagão de seu pai, e voltou com um papel dobrado na mão, ele o pôs no chão e o abriu, revelando uma série de escritos:


Agressor (I):

                      .Físico (II):

                                         .Armado (III):
                                                                  .Lâmina (Espada, Sabre, Guilhotina)
                                                                  .Quebra (Maça, Porrete, Meteoro)
                                                                  .Extensão (Lança, Chaku, Bastão)
                                         .Desarmado (III):
                                                                  .Punho (Sutil, Forte, Destrutivo)
                                                                  .Perna (Dinâmica, Velocista, Seqüencial)
                   .Projétil (II):
                                         .Elemental (III):
                                                                 .Naturalista (Herbalista, Animalista)
                                                                 .Basicista (Alquimista, Mecânico, Shaman)
                                                                 .Imaterialista (Espectro, Necromântico, Bruxo)
                                         .Material (III):  
                                                                 .Arqueiro (Incorporador)
                                                                 .Pistoleiro (Precisão, Explosão, Perfuração)
Defensor (I):
               .Próprio (II):
                                     .Interno (III):
                                                             .Escapista (Enganador, Clone, Manipulador)
                                                             .Superatista (Corpista)
                                     .Externo (III):
                                                             .Escudeiro (Elemental, Casulista)
                .Alheio (II):
                                     .Preventista (III): •••. Trocadores  

                                     .Remedialista (III): •••. Médicos


Hermes apontou para Caliel os escritos com o (II) ao lado, e começou a explicar:
_ Esses quatro são as classes básicas, é o que designa seu perfil de especialista. Muitos tentaram ir contra a seleção inicial, e não teve um bom desempenho, eu sou um físico, ainda bem, pois agressor é o domínio mais renomado, os defensores não deixam de ser importantes, mas acabam sendo coadjuvantes em Bongor. Mas não se preocupe, considerando que você é um Boncheummer você deve ser Projétil... – Logo após a explicação breve de Hermes, o veículo suntuoso freou suavemente, fazendo Jacques vir ao encontro dos garotos, não mais com a expressão calma e confiante que esbanjava na mansão, em verdade ele parecia bem assustado, com as pupilas reduzidas ao mínimo.
_ Mudança de planos garotos, irei encontrar Aurélio mais cedo, a escada está logo ali fora, o novo diretor se chama Helenus, eu me comuniquei com ele, e ele estará esperando vocês dois pessoalmente no fim da escada, aproveitem garotos, afinal o novo mundo é de vocês! – Jacques se esforçou para sorrir, deixando mais evidente de que alguma coisa estava acontecendo.
Ao sair do veículo o sol do lado de fora estava alto e imponente no céu, dificultando um pouco a permanência de olhos abertos. Virando a cabeça um pouco para a esquerda Caliel podia ver que estavam em um tipo de estação ferroviária, com um arco simples, e logo após a construção singela e branca havia uma escadaria imensa, se estendendo além das nuvens, não permitindo então, observarem o seu fim. Na base havia uma espécie de rochas de mármore, uma de cada lado, tudo ali era coberto por uma grande quantidade de areia, dificultando a visão total do que se encontrava ali.
Hermes começou a subir os degraus e chamou Caliel com um aceno de cabeça, e assim os dois começaram a subir a escadaria, em rumo a tão esperada escola. Passaram-se alguns minutos de subida, minimizados pelas conversas sobre experiências de infância, que mais se assemelhavam a monólogos de Hermes pelo fato de Caliel não ter quase nada para contar-lhe. Aos poucos a atmosfera perdia aquele aspecto seco e quente, e o ar se tornava bem mais agradável, na verdade, em volta deles tudo se encontrava branco e agradável, como se estivessem presos no infinito. Hermes disse que já estavam chegando, Caliel retrucou perguntando se ele já havia estado em Bongor, levando à negação cabisbaixa de Hermes, que ao levantar a cabeça apontou para uma sombra no fim da escada. Devia ser o tal diretor, disse ele.
Eles apressaram o passo e ofegantes chegaram até um homem usando um terno preto fino, que se encontrava olhando para o outro lado. Hermes apoiou as mãos sobre seus joelhos que estavam retesados e dobrados de cansaço. O homem não se virou, e falou com uma voz incrivelmente aconchegante:
_ O vazio é tão bonito quando olhamos por muito tempo, mas vocês vieram aqui para entrar na escola, estou certo? – Só então ele se virou, revelando um rosto extremamente jovem, olhos pequenos e bondosos, cabelos loiros cacheados, que fizeram Caliel se questionar se aquele adolescente era mesmo o tal diretor, encarando os olhos pequenos dele. Foi interrompido por Hermes que se pronunciou ofegante e desajeitado:
_ Na verdade eu vim pelas meninas, bro! Falando nisso, você sabe cadê o tal diretor? Meu pai disse que ele estaria aqui.
_ Ele é o diretor – Disse Caliel convicto, não sabia por que tinha tanta certeza daquilo, o homem então o encarou finalmente, com o mesmo sorriso no rosto, sem falar nada, Hermes ficou olhando por baixo das sobrancelhas aquela troca de olhares e não resistiu:
_ Cara... Isso tá muito gay... – Fazendo Caliel desviar o olhar e enrubescer o rosto – Mas se você é o diretor, porque não vamos logo para Bongor? Meu primo falou tanto que eu to louco para ver as meninas... eeer... Quer dizer, a escola.
_ Sim claro... Perdoe-me, meu nome é Helenus, e sou o diretor da escola Bongor De’ Grinn a partir deste ano, seu pai pediu pessoalmente que aceitasse vocês dois, mesmo as aulas já tendo se iniciado, mas como vocês são nobres... – Ele então começou a mexer no bolso do paletó retirando entre os dedos uma bússola prateada. Ao abri-la, o chão da escada se abriu e uma coluna cor de esmeralda começou a se erguer, até revelar no centro uma porta talhada com detalhes minuciosos.
Era imensa, tanto por altura quanto por largura, passariam tranquilamente centenas de alunos ao mesmo tempo.
_ Ouvert – Pronunciou Helenus calmamente, e a imensa porta se abriu. O diretor entrou então sendo seguido pelos dois garotos, que ao cruzarem aquela imponente obra de arte se encontraram em uma nova realidade, eles estavam no pátio central de Bongor. No chão abaixo dos pés deles, havia um símbolo lindo e imenso dividido em quatro partes, mais a frente uma belíssima fonte de água jorrava jatos calmos e ao mesmo tempo ariscos, para todos os lados havia árvores aconchegantes, e ladrilhos brancos. Caliel e Hermes olhavam perplexos para todos os lados, imponentes construções ao norte, um campo de flores ao leste, e uma imensa ponte ligando o Oeste a um penhasco ao fundo. Alguns alunos passavam por eles por todas as direções com os uniformes que eles usavam e mochilas ou montes de papéis nos braços. Mas todos, sem exceção portavam um tipo de pingente, seja amarrado em torno do punho, ou no pescoço, todos emanavam um tipo de energia, e Caliel podia senti-la, mas decidiu perguntar o que era aquilo depois.
Um grupo de meninas passou e sorriu para os garotos, fazendo Hermes ir logo se precipitando, mostrando que iria correr atrás delas, quando o diretor o segurou pela gola da camisa sem mover nenhuma parte do corpo além do braço direito.
_ Calma, você terá tempo para isso depois, mas por agora vou mostrar-lhes as acomodações. Como vocês são do primeiro ano, vocês não passaram pela análise de classe, então vocês ainda não tem acomodações apropriadas, por isso, irei levá-los agora para fazer o teste.

4 Response to "Capítulo 8 – O Projétil Prateado"

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Godô Says....

meio confuso o papel do sistema de classes... fikei 15 minutos só pra intendê akilo [talvez sejam as drogas xD], mas deu pra intendê direitinho, dpois que intendi o padrão...
aí, perfeito o capítulo, isperando o 9º =B
(y)

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Arthur *(Sinapsys)* Says....

pronto, concertei as classes, espero que goste...
galera, quem estiver lendo, por favor, comenta igual o godô...

obrigado pela atenção =D
gogo sinapsys!

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Aline Says....

kkk muito legal! ri muito da parte: Cara... isso ta muito gay... kkkkkk

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