Capítulo 6 - Instrução



A sua cabeça ainda ecoava devido ao choque que tivera com o chão, mas mesmo assim ele conseguiu abrir os olhos assim que escutou aquela voz. Um senhor estava de pé á sua frente. Este, diferente de todos os outros servos, Caliel não conhecia, ele usava uma camisa de mangas curtas que deixavam os imensos músculos de seus braços expostos, era um homem extremamente alto, que chegou a assustar Caliel, que por impulso se afastou no chão até bater a cabeça na parede atrás de si.
_ Quem é você? Um intruso? Responda Garoto, se não acabarei com você com as minhas próprias mãos.
_ Eu é que deveria perguntar isso, eu sou Caliel Boncheümmer, 7º herdeiro da casa Boncheümmer. – Disse Caliel se lembrando bem do título de nobreza que Illik o havia ensinado para situações como essas.
_ Você é o herdeiro? – Disse o imenso homem arrumando suas roupas e prestando continência. – Me perdoe senhor, eu sou o armeiro da casa dos Boncheümmer, Roy Ford.
_ Mas se você é o armeiro... – Disse Caliel se levantando do chão – Como eu nunca te vi aqui antes?
_ Bem... Além de armeiro desta nobre casa eu sou o General da 5ª Brigada do exército federal. E tivemos um sério problema em um país aliado, por isso precisamos intervir. Mas já estou de volta, aliás, encontrei com Illik no meu caminho de volta e ele me mandou um recado para você.
_ Então ele está bem?
_ Sim, mas ele não voltará por alguns termos circunstanciais. O recado dele é o seguinte. – Disse o homem entregando um pedaço de papel escrito á mão a Caliel, que dizia:
“Caliel,
Eu me atrasei no meu compromisso, e suas aulas estão chegando, por isso eu instruí o Roy a guiá-lo, e ajudá-lo a comprar os materiais para a escola.
Tudo que eu tinha para lhe ensinar já ensinei, e eu acho que você irá trazer muito orgulho para essa casa. Nos vemos nas férias de meio de ano, e lembre-se:
“Seu caminho você constrói”
Illik.”
_ Nossa, ele havia dito que voltaria para fazer essas coisas comigo... Roy posso lhe fazer uma pergunta?
_ É claro.
_ Você acha que ele vai ficar bem?
_ Isso é óbvio. Pode não parecer, mais Illik é um homem muito habilidoso, não creio que ele vá se machucar, ele disse que você poderia ficar assim, e que eu lhe deveria instruir a pensar na escola agora. Por isso nós vamos às compras agora, eu estava me dirigindo ao seu quarto para lhe acordar, mas parece que você já está desperto, isso agiliza bastante as coisas.
_ Mas nos vamos aonde assim tão cedo?
_ Temos que comprar seus materiais escolares, Illik já me deu todo o dinheiro que gastaremos para comprar do melhor para você.
_ E onde iremos comprar isso, aqui não tem o que precisamos não?
_ Não, tem muito tempo que alguém desta casa vai para Bongor, logo, precisamos comprar tudo novo para você. Por isso estamos indo para o país da água para comprar tudo no Mercado do Hexágono Oculto.
_ Nossa! Os únicos lugares que conheço são aqui e a casa de Gondolous, espera só eu trocar de roupa que já podemos ir.
_ Claro, irei esperar no salão principal, vou pegar os mantimentos para a viagem. – Assim dito Caliel tratou de subir correndo as escadas, totalmente empolgado com tudo aquilo que chegou até a esquecer a sua preocupação com Illik.
Colocou a roupa que tinha recebido da camareira na semana passada, qual ela dizia ser uma veste para ocasiões especiais, calçou sua bota, vestiu a calça jeans e o moletom e tratou de descer as escadas tão rapidamente quanto havia subido. Chegando no salão principal a empolgação emanava de todo seu corpo, ele estava ofegante pela velocidade que assumiu, e nem percebeu que a mesma menina daquela manhã estava no salão ao lado de Roy, só foi perceber isso ao se acalmar um pouco, e perguntou o que tinha dúvida a algum tempo:
_ Ei, eu sempre vejo você aqui, mais nunca soube, qual é seu nome?
_ Meu nome é Mary, seu mole... Digo... senhor. – Respondeu a loira com o rosto vermelho, após de olhar para o rosto de Roy, que permaneceu com o mesmo sorriso sob seu grande bigode, que oscilou quando ele começou a falar:
_ Bem, então irei esperá-lo lá fora senhor, ande logo, temos muito que fazer hoje.
_ Tudo bem. – Disse Caliel com os olhos ainda fixos na loira, que retribuiu a ação de forma altiva, com certa arrogância, levando Caliel a se irritar e apaixonar. – Porque você não gosta de mim? Eu Fiz algo para você? – Indagou o garoto.
_ Você não me fez nada por sua vontade, mas que eu saiba, sou obrigada a servir esta casa, não a gostar do senhor.
_ Não fiz nada por minha vontade, mas isso não cancela o fato de eu ter feito algo para você, por favor, me diga.
_ Infelizmente não tenho permissão para falar-lhe sobre isso, me desculpe, mais vou voltar ao meu trabalho. – Foi o que Mary falou girando sob seus calcanhares e andando em direção à porta de trás da mansão. Quando ela fez aquilo seu vestido rodou voando por cima de suas coxas, mostrando suas roupas íntimas, fazendo Caliel se lembrar daquela manhã, causando-lhe um sangramento nasal, evidenciado por gotas de sangue caindo no chão à sua frente. Ele tratou de limpar logo com a manga da camisa, que era escura, então não apareceria a mancha, e foi para o lado oposto, na direção por onde Roy havia saído.
Chegando lá fora Roy colocou várias bolsas no chão ao seu lado, e perguntou em voz alta:
_ Senhor, já podemos ir? – E Caliel querendo demonstrar conhecimento disse:
_ Claro, mas como você irá colocar tanta coisa em uma moto?
_ Moto?
_ Ora, Illik invocou uma moto voadora para me trazer para cá, estas bolsas todas não caberão em uma similar. – Nesse momento os olhos escuros de Roy começaram a lacrimejar e ele começou a rir abraçando sua barriga.
_ Garoto, você é bastante inusitado... Hahahaha! ... Bem, deixe-me explicar da melhor maneira possível, pois me disseram que você sofreu amnésia. Bem a técnica que Illik usou é uma técnica de transmutação de veículo voador, aquela é a moto dele. No entanto, assim como os elementos, que Illik lhe explicou, cada pessoa forja certo tipo de veículo de acordo com sua personalidade, como uma questão de preferência, quando chegar a hora você também passará por esse processo de forja.
_ Como você sabe o que Illik havia me explicado?
_ EU LHE EXPLICO UM PROCESSO AVANÇADO DE INVOCAÇÂO E VOCÊ PREOCUPA SOMENTE COM ESSE FATO PEQUENO? – Disse Roy com uma feição nervosa, levando Caliel a se encolher – Ah... Mas você é só um garoto ainda... Bem, como Illik é um rapaz pequeno e ágil ele logicamente teria como veículo uma moto voadora, eu, diferente dele, sou mais pesado.
_ Mas espere, todos aqui tem um veículo surreal como esses?
_ Não, a técnica de forja de veículo é muito avançada, de nível Pentóide, tem que ter uma incrível sincronia com seus impulsos, por isso só alguns poucos têm esses veículos.
_ Então como você sabe que eu irei chegar a ter um destes veículos?
_ O senhor é um nobre, tem um nível de pureza acima do normal, sua sincronia já é naturalmente aguçada, não há um nobre que não tenha forjado um veículo. Mas isso é um assunto a ser tratado mais a frente, você será instruído talvez até na própria Bongor.
_ Então qual é seu veículo? Você não disse.
_ Bem, eu sou um pouco mais experiente que Illik, e no exército nós aprimoramos um pouco nossos veículos, por isso é melhor você ver. Se afaste, por favor – E então Caliel tomou uma boa distância de onde Roy estava, e mesmo estando tão distante Roy gritou para ele se afastar mais. Caliel se impressionou com a proporção que aquilo iria tomar, e estava extremamente ansioso, mesmo de tão longe ele conseguiu escutar Roy falando:
_ Technique de Vestibule - invoquer du véhicule incassable – O que ele fizera com as mãos foi igual o que Illik fez ao invocar sua moto, mas diferente do processo anterior, o círculo que entrou no chão começou a brilhar em uma intensidade que as rochas que estavam próximas flutuaram. Um tanque de guerra parecido com um Mark V imenso apareceu na frente dos olhos de Caliel, deixando-o mais perplexo ainda. Aquilo era incrível, era imenso, era magnífico, só de olhar ele já se sentia intimidado. A esteira lateral era bem maior que seu corpo inteiro, ele era capaz de tranquilamente ultrapassar qualquer edificação da mansão sem problemas.
Roy entrou pela escotilha superior e chamou por Caliel, que ainda estava pasmo com tudo aquilo, ele se sentia totalmente deslocado, lhe lembrando que não fazia parte daquele mundo incrível. Diferente do que ele tinha pensado o interior não era tão “sólido” quanto o exterior do veículo, aliás, era bem confortável, tinha uma boa iluminação, e uma grande tela que reproduzia o exterior.
Subitamente o senhor Ford ligou o imenso tanque, que emitia um som estridente e bruto, tão bruto que lembrava Caliel de um tufão. Roy lhe perguntou:
_ Então? Gostou da minha belezinha?
_ Nossa, é tão grande e imponente, mas deve gastar uma energia tremenda para levar tanto peso pelo ar.
_ Quem disse que vamos pelo ar? – Disse o homem dando uma piscadela com o olho esquerdo, abrindo a fenda e pronunciando o nome da técnica:
_ Technik des Impulses – Mole immense Metall – Fazendo um grande estrondo que fez Caliel observar com os olhos arregalados o monitor, que mostrava terra, e raízes. Mesmo depois de todas as coisas incríveis que ele presenciou naquele lugar aquilo era demais, eles estavam entrando mais e mais no interior da terra, passando por animais subterrâneos até caírem em um grande túnel, repleto de sinalização, era como uma rua cheia de uma metrópole, com veículos similares transitando em ambas as direções. Caliel perguntou:
_ Onde nós estamos?
_ Essa é a rota subterrânea do exército, todos aqui são especialistas federais e prestadores de serviço para o exército, é um dos modos mais rápidos de viajar para usuários de veículos terrestres. Pode relaxar e olhar em volta no caminho, que a viagem durará poucos minutos. – E assim foi Caliel observando cada parte daquele mundo, eram veículos incríveis, longos, largos, pequenos, que iam para todos os lados como pequenas formigas, as placas eram bem luminosas, indicando o caminho para cada país e cidades. Os veículos saiam por tubos metálicos que levavam a superfície, que ficavam espalhados por todos os cantos. Roy tomou o rumo do tubo subterrâneo 4-13, que os levou diretamente para uma estação do exército no mercado pentagonal, onde eles deixaram o veículo e seguiram a pé.
Um extenso corredor tinha no fim de sua extensão uma luz, a qual Caliel presumia ser do sol. A viagem tinha sido empolgante, e ao passarem por um grupo de soldados todos bateram continência e disseram em grupo “Bom dia General Ford”, o qual o imenso homem respondia com um caloroso: “Bom dia recrutas” e um sorriso no rosto. Mesmo sendo um homem de físico tão escultural e rude, ele portava sempre de uma educação impecável, que ultrapassava os limites de seu interior emanando nos sorrisos calorosos que ele sempre esculpia em seu rosto moreno, por debaixo do bigode e da sobrancelha grossa.
Ao se acabar o túnel, eles saíram para o abraço do pai sol aos seus pequenos filhos que lotavam a grande cidade de Kribbeln, tudo aquilo fazia jus ao nome da cidade, realmente se tratava de um formigueiro de pessoas. Mercadores gritando em cima de caixas amontoadas, mulheres procurando seus filhos no meio da multidão, lojas com extravagantes entradas, todas regidas pela bela arquitetura branca e limpa das cidades do país da água. Um humano qualquer ao ver a imagem, com certeza confundiria com uma cidade mercadora grega.
Cal achou tudo aquilo ao mesmo tempo irritante e lindo, mesmo em Frankfurt, quando freqüentava lugares com várias pessoas ele era rapidamente perseguido por um segurança enraivecido obrigando-o a deixar o local. A água do mar batia nas rochas que protegiam a cidade do poder avassalador das ondas. Roy o instruiu a não sair de perto dele, e entregou-lhe uma lista, onde continham os materiais requeridos pela escola para que cada aluno portasse. A carta com a lista era enviada as famílias dos alunos que tinha a seguinte descrição:

Os alunos do primeiro ano da Escola Bongor De’Grinn deverão apresentar no primeiro dia de aula os seus materiais de uso pessoal para desempenho satisfatório durante o ano, tais materiais datam de :
. Materiais de higiene pessoal
. Roupas de baixo e pijamas
. Um amplificador de fenda sináptica
. Um conjunto de tubos de ensaio
. Uniforme de verão
. Uniforme de inverno
. Se desejar, trazer uma esfera alada
Após ler aquilo tudo, alguns itens ficaram em sua cabeça, por mais que ele quisesse não tinha como saber o que eram. Como Roy pediu, ele leu em voz alta a lista para ele fazendo-o fazer uma expressão de pensativo e falar:
_ Bem, vamos comprar primeiro o seu amplificador de fenda, é o item mais importante da lista, para comprá-lo iremos ao Siegfried, ele é sem dúvida o melhor Ferreiro de todo o continente, vamos, é logo ali naquela porta azul. – Roy apontava para uma portinhola redonda e baixa, a qual dificultou a passagem de Caliel, que ficou impressionado ao ver que Roy o seguiu e conseguiu entrar na casa. Lá dentro todo o ar de claridade e frenesi da cidade foi amenizado pelo ambiente gelado e escuro, porém incrivelmente organizado. Roy foi entrando e gritando: “Sieg saia do buraco onde você está homem! Um velho amigo veio com um cliente” , em resposta uma sombra começou a se mexer por detrás das cortinas que separavam os cômodos, um anão gordo e incrivelmente forte, com uma barba lisa e ruiva, e expressão forte saiu resmungando algo, e parou imediatamente quando viu Roy em pé na sua frente.
_ Ora ora, veja o que os ventos me trouxeram, Punhos Fortes, ou deveria dizer Coronel Ford. Que honra recebê-lo aqui velho amigo.
_ Siegfried, Mestre do Aço, realmente faz muito tempo meu amigo, tanto tempo que você nem sabe da minha promoção.
_ Você foi promovido novamente?
_ Sim, agora sou general da 5ª Brigada, mas não vim sob missão do exército hoje, vim sob missão para a casa Boncheümmer, conheça o novo herdeiro: Caliel. – Nesse momento Caliel arrumou um pouco suas roupas e ficou com uma postura mais ereta, tentando se afirmar em meio àqueles dois homens fortes.
_ Muito prazer senhor Boncheümmer. Só tive a honra de conhecer um de seus familiares, aliás, foi semana passada, aquela menina loira... Qual seu nome mesmo...?
_ Mary? – Disse Caliel impressionado por ter lembrado justamente da criada loira, qual descobrira o nome naquela manhã.
_ Sim, esta mesmo, aliás, ela parecia um pouco desapontada com algo, ela tinha encomendado um ampliador de fenda sináptica, aliás já tinha até pago ele com o próprio dinheiro, e de repente ela ligou cancelando a encomenda.
_ Roy, era sobre isso que você estava falando com ela hoje? E como assim ela é uma familiar minha, ela não é só mais uma criada? Por favor, não minta para mim... – Disse Caliel mais confuso do que nunca.
_ Bem senhor, não estava autorizado a falar sobre este assunto, mais como é uma ordem do senhor, não há como eu negar. O nome completo dela é Marianne Lhushz Vast Boncheümmer, ela é tecnicamente sua irmã bastarda, poucos sabem mais antes de seu pai partir ele engravidou uma das criadas, com a qual ele mantinha relações secretas, e como sua mãe já havia morrido, não teve tanta repercussão, e para demonstrar sua sempre grande generosidade ele decidiu deixá-la como herdeira até a volta de seu filho, com isso ela era sempre tratada como a herdeira, no entanto, tinha que trabalhar na casa para pagar suas próprias contas. Era para ela ir para Bongor este ano, no entanto, com sua chegada a casa passa a pagar somente sua estadia lá.
_ Espere... Por isso ela me trata daquela maneira? ... E eu nem sabia – Caliel começou a andar de um lado para o outro, e disse de repente: - Não, isso não está certo, a casa pode pagar pela estadia dela também não pode?
_ Sim senhor, mais esse dinheiro é somente para o senhor, e não para uma filha bastarda, isso nunca aconteceu antes.
_ Mas agora irá acontecer. Ela é mais merecedora desta vaga que eu, então, por favor, ligue para a casa e diga a ela que ela também irá para a escola sob conta da casa, por favor?
_ Mas senhor...
_ Roy... Estou lhe pedindo como um amigo, por favor, isto vai me deixar com a consciência muito mais leve – Disse Caliel se lembrando que não fazia parte daquele mundo, e tomando conta da injustiça que estaria cometendo.
_ Se é assim... Eu o farei meu senhor, mas vamos comprar logo seu ampliador de fenda, porque ainda temos um longo dia pela frente.
_ Opaa! Falando em ampliadores de fenda é comigo mesmo – Disse Siegfried que até o momento estava brincando com a ponta dos fios de sua barba – Se é um ampliador para um nobre vou ter que caprichar, você tem alguma preferência senhor Caliel?
_ Bem, eu nem sei o que é este ampliador ainda, então faça do jeito que você achar melhor...
_ Esta é minha especialidade, espere um momento que vou buscar os materiais e já lhe entrego.
_ Rápido assim?
_ Sim – Disse Ford – Siegfried é um dos maiores especialistas em forja do mundo todo, você verá, e você perguntou o que é o ampliador de fenda sináptica, é um tipo de “luva” condutora, que os especialistas novatos usam para conseguir induzir o corpo a fazer as técnicas.
_ Hmm... Então ele irá fazer uma aqui na hora? Tô até querendo ver... – Neste exato momento Siegfried saiu da portinhola com um avental em seu corpo, e uma barra grande de um metal brilhante, e algumas pedras verdes translúcidas, as quais Caliel julgou impressionado se tratarem de esmeraldas. Colocando tudo aquilo no chão, Siegfried chamou Caliel e pediu que ele se sentasse em uma cadeira que se encontrava do outro lado da pequena loja.
_ Bem, agora eu preciso que você fique totalmente imóvel durante todo o processo. Coloque seus dois braços para frente e mantenha-os firmes a esta altura. – Disse o anão ajustando a altura dos braços de Caliel. – Agora vou começar, por favor, não se mecha e evite falar. – Dizendo isso o Anão pegou uma tira de pano e envolveu cada braço de Caliel nela, deixando-os brancos como algodões devido ao nobre tecido. Logo após fazer isso ele pegou a barra de metal brilhante e a colocou no chão em sua frente. Batendo as palmas das mãos ele pronunciou de modo bem audível:
_ Technik des Impulses – Metall Schneidmesser – E em um súbito movimento um feixe brilhante escapou do encontro de suas palmas e partiu em um só movimento a barra de metal em duas partes. Mas devido a voz rouca e imponente do Anão, quando ele usou a técnica Caliel segurou a cadeira assustado, causando gargalhadas em Roy que se apoiou na bancada observando aquilo tudo.
Siegfried pegou então uma parte do metal cortado e colocou logo ao lado do braço esquerdo de Caliel, e novamente unindo as palmas das mãos ele pronunciou:
_ Technik des Impulses – Wrap Metallic menschlichen Arm – Fazendo com que o metal assumisse uma consistência gelatinosa que revestiu toda a mão e o antebraço de Caliel. Siegfried manteu uma das mãos “segurando” a técnica, e com a outra pegou duas das pedras verdes e colocou sobre a palma da mão de Caliel, e com uma maestria incrível pronunciou:
_ Technik des Impulses - Extraktion des Wesens des Edelsteins – Que levou as pedras a começar a brilhar ofuscando a visão de Caliel, que se fundiram em um tipo de placa esférica, a qual Siegfried posicionou meticulosamente na palma de Caliel. Finalmente o anão partiu para a última etapa da forja, dizedo:
_ Technische Puls Verbindung - Fusion von Teilen der Siegfried – Unindo novamente as duas palmas de mão Siegfried fez um tipo de fusão dos processos, o qual resultaram em uma manopla brilhante e detalhada, com pequenos frisos nas laterais, e uma palma da mão verde e translúcida, como se fosse um cristal. Siegfried ordenou que Caliel testasse a mobilidade da manopla, o qual respondeu mexendo os dedos freneticamente:
_ Incrível, é como se minha mão estivesse nua. Só a aparência já dá um aspecto de ser algo grosseiro e pesado, mais não sinto nada disso, é totalmente móvel, que impressionante Siegfried.
_ Então me deixe terminar fazendo uma réplica. Por favor, retire o amplificador para eu cloná-lo. – Obedecendo Caliel retirou a luva com uma leveza indiscutível, e entregou a Siegfried, que pronunciou novamente em tom bem audível:
_ Technische Puls Verbindung - Klonen von Siegfried – E com um brilho ofuscante apareceu uma réplica perfeita da luva, a qual siegfried mudou a posição dos polegares com um movimento rápido do dedo indicador, e as entregou a Caliel com um sorriso no rosto, dizendo:
_ Aqui estão seus amplificadores sinápticos, creio que serão muito bem satisfatórios, usei os meus melhores materiais. Vamos, teste-o.
_ Mas senhor, eu não sei usar técnica alguma...
_ Use uma técnica elementar, vejamos, está vendo aquela pedra ali em frente? Vista os amplificadores e bata as palmas das mãos pronunciando:
_ Technik des Impulses – Projektil Earth , Aí você sentirá um tipo de formigamento nas palmas das mãos, e somente aponte as mãos para aquela pedra solta.
Caliel se encontrava em um impasse, ele sabia que não tinha aqueles poderes formidáveis, e ele pressentia que seu sonho finalmente chegara ao fim. Agora ele não poderia negar, pois ambos, Roy e Siegfried estavam ansiosos olhando para seu desempenho. Fechando os olhos com medo do que estaria por vir ele vestiu as luvas e disse em voz alta:
_ Technik des Impulses – Projektil Earth – Mas um formigamento estranho desceu por seu braço, era como se estivesse sendo atacado, doía e ele não sabia o que fazer com aquilo tudo, de repente tudo se intensificou, e obedecendo as ordens de Siegfried apontou as mãos para a pedra. Mãos essas que começaram a brilhar incrivelmente, não que ele não tivesse visto aquilo antes, mas ele não imaginava que poderia fazer isso, e como se fosse um especialista de verdade pensou exatamente em expulsar aquilo de seus braços, com tanta força que um impulso cor violeta saiu da palma de suas mãos, jogando-o para trás. Com um rápido movimento Ford o segurou antes que batesse com muita força na parede. Ele desmaiou, e Ford ficou impressionado ao perceber que ele tinha feito com que aquela pequena pedrinha provocasse um dano imenso na parede. Ambos estavam perplexos com aquilo tudo, e Caliel desmaiado no chão daquela pequena loja.
Roy pensou consigo mesmo: “Será este o nascimento de um herói?”

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